O Homem e as suas origens

Formação britânica

No final do século XIX, a fama da excelência do ensino ministrado nos colégios e universidades ingleses atraía numerosos estudantes oriundos das famílias abastadas do velho e novo mundos. Foi o caso do jovem Calouste Gulbenkian. Concluída a primeira formação escolar na Turquia, o seu pai decidiu enviá-lo primeiro para Marselha, para aperfeiçoar o francês, e depois para Londres, para que se formasse em Engenharia e Ciências Aplicadas no prestigiado King’s College. Iniciou-se então uma ligação especial, nem sempre fácil, com a capital e a cultura britânicas que perdurou até ao fim da sua vida. Foi na capital britânica que, em 1897, Calouste Gulbenkian se instalou com a mulher Nevarte e o filho Nubar, tendo-se tornado cidadão britânico em 1902. Foi em Londres que pensou construir um museu para instalar a sua colecção de arte, e foi aí que primeiro foram exibidas publicamente, na National Gallery, algumas das peças que a constituem.

A biblioteca particular de Calouste Gulbenkian revela a importância que a cultura britânica desempenhou, não só em termos da sua formação académica e profissional, como também enquanto homem de cultura e coleccionador de arte. Dos anos da frequência do King’s College ficaram diversos testemunhos, constituídos por alguns dos manuais de estudo, como por exemplo Graphic and analytic statics : in their pratical application to the treatment of stresses in roofs, solid girders...and other frameworks e The diferential and integral calculus, e pelos livros oferecidos a Calouste Gulbenkian para premiar o seu desempenho brilhante ao longo do curso, até à graduação, em 1887. Encontra-se ainda um conjunto de obras onde constam os autores e as obras de referência da história, arte e cultura anglo-saxónicas, como William Shakespeare, Geoffrey Chaucer, William Morris, David Hume, Edward Gibbon, John Ruskin e Charles Dickens, entre outros. Na secção das publicações periódicas destacam-se títulos como The Burlington magazine for connoisseurs, cujo primeiro número saiu em 1903, The studio (1893-1964), The art journal (1849-1912) e The connoisseur (1901-1992) - todas editadas em Londres - que foram algumas das revistas mais representativas nas áreas da análise e crítica da produção artística, da história da arte e da estética durante a primeira metade do século XX, período em que Calouste Gulbenkian as recebeu regularmente por assinatura.

slideshow anterior velocidade: seguinte + fechar