Em 1890, concluída a formação académica em Londres, Calouste Gulbenkian realizou, por iniciativa paterna, uma viagem pela região do Cáucaso. Deste périplo, realizado com o duplo objectivo de o recompensar da brilhante conclusão dos seus estudos e de o introduzir nas actividades comerciais petrolíferas ligadas ao negócio familiar, resultou um relato escrito, La Transcaucasie et la Péninsule d’Apchéron: souvenirs de voyage (1890), publicado em Paris, em 1891. Esta foi a viagem iniciática das muitas que Calouste Gulbenkian realizou ao longo da sua vida, com objectivos e destinos diferentes, e das quais é possível seguir o rasto através de um conjunto de obras que reuniu na sua biblioteca.
Uma parte desse núcleo de obras integra relatos de viagens e expedições que se intensificaram e tornaram numa actividade em voga e um factor de distinção social das elites ocidentais a partir de meados do século XVIII, e cujos destinos favoritos, a Itália, a Grécia, a Ásia Menor e o Norte de África, Calouste Gulbenkian também percorreu. A outra parte está directamente ligada aos destinos escolhidos e às viagens que realizou. Integram-no guias e manuais de viajante, muitos dos quais com as marcas visíveis da sua utilização, assim como monografias abordando aspectos diversificados de regiões geográficas, países e cidades escolhidos como destinos de viagem. Encontram-se guias de Espanha, que Calouste Gulbenkian visitou em 1928 e onde se deslumbrou com a arquitectura dos palácios e das mesquitas do antigo Reino de Granada, de Itália, onde admirou os vestígios da grandeza do Império Romano e os tesouros do Vaticano, da Alemanha, cujos principais museus visitou em 1933, ou de Portugal - Manuel du voyageur au Portugal, na 3ª edição de 1911 - onde fixou residência a partir de 1942. Calouste Gulbenkian também coleccionou guias de países e regiões do globo que não terá visitado, como a Noruega, a Suécia, a Dinamarca, ou a América do Sul.
Integrados na biblioteca existem ainda diversos folhetos turísticos de cidades – como os que costumam estar disponíveis nos hóteis e nos postos de turismo -, e outro tipo de material avulso, como notas realizadas no papel timbrado dos luxuosos hóteis onde Calouste Gulbenkian se alojava durante as suas estadias.