Cosmopolita e requintado, Calouste Gulbenkian foi verdadeiramente um homem de cultura e da cultura do seu tempo. Atento ao mundo em que vivia, tinha diversificados interesses que iam muito para além dos directamente relacionados com as suas actividades profissionais e com a paixão pela Arte. A sua biblioteca reflecte não só estes traços da sua personalidade, como também a influência do ambiente cultural da época, contemplando informação sobre praticamente todos os ramos do conhecimento humano. Encontram-se nela representadas as diversas disciplinas das ciências humanas e sociais como a História, a Arqueologia, a Literatura, a Religião, a Estética, a Filosofia e a Educação. Alguns dos títulos que Calouste Gulbenkian reuniu sobre esta última área, como L'éducation de la volonté, Self-help with illustrations of conduct and preseverance, Essai sur les passions, L'éducation du caractère ou Science & education: essays – da autoria de Thomas H. Huxley, um dos primeiros e mais ferverosos adeptos das teorias evolucionistas de Darwin, esta obra tem a particularidade de apresentar marcas da leitura atenta de Calouste Gulbenkian -, poderão ajudar a conhecer melhor alguns dos aspectos do seu temperamento e personalidade.
As ciências puras e exactas, como a Meteorologia, a Matemática, a Química ou a Fisíca - um dos maiores desejos que Calouste Gulbenkian não conseguiu concretizar foi ser cientista -, estão também presentes na sua biblioteca particular através de diversas monografias como Sir Isaac Newton’s principia, L’avenir de la science: pensées de 1848, Darwin and the modern science, ou Leçons élémentaires de chimie moderne, e de publicações periódicas que recebia regularmente como, por exemplo, o Bulletin de la Société Nationale d’Acclimatation de France: revue des sciences naturelles apliquées, The geographical journal: including the proceedings of The Royal Geographical Society, ou L’astronomie: revue mensuelle d’astronomie, de météorologie et de physique du globe. A existência de um pequeno grupo de obras sobre a Fotografia, que começou por ser uma das inovações técnicas do século XIX e rapidamente se transformou numa forma de expressão artística, mostra até que ponto Calouste Gulbenkian foi, simultaneamente, um homem de cultura e um homem do seu tempo.
Anabase / St.-J. Perse. - [New York] : Bretano's, 1945.
The annual of the British School at Athens / ed. D. G. Hogarth. - London : Macmillan, [1895] -.
Aphrodite : moeurs antiques / Pierre Louys ; illustrations de A. Calbet. - Paris : Borel, 1896.
L'avenir de la science : pensées de 1848 / par Ernest Renan. - Paris : Calmann Lévy, 1890.