Os museus faziam parte obrigatória dos sítios a visitar nos roteiros das viagens que Calouste Gulbenkian realizou para, nas suas próprias palavras, aprofundar os seus “estudos de Arte”. Em cada cidade, para além dos monumentos mais importantes, como catedrais, igrejas e palácios, dos sítios relevantes pela sua beleza paisagística ou natural, como os jardins e os parques, dos principais antiquários e dos restaurantes mais afamados, visitava sempre os principais museus. Reservava mesmo vários dias para esta actividade, para que pudesse fruir tranquilamente da contemplação das obras de Arte dos mestres que tanto admirava. Os diários dos seus périplos por Espanha, em Março de 1928, por Itália, no Outono do ano seguinte, por Munique, em Junho de 1933, e Viena, em Outubro do mesmo ano, estão repletos dos registos das impressões sobre aspectos diversos dessas estadias.
Na biblioteca particular de Calouste Gulbenkian encontram-se outros testemunhos directos e privilegiados do seu olhar exigente e conhecedor, sob a forma de um conjunto de catálogos dos museus e galerias de Arte que visitou, grande parte deles assinalados e anotados com os mais diversos comentários, incluindo a data em que as peças foram admiradas. São disso exemplo o Illustrated catalogue : Old Pinakothek de Munique - visitada no dia 10 de Junho de 1933 -, onde estão assinaladas duas obras: Sacrifício de Isaac”, obra pintada por Rembrandt em 1636 e o retrato de Helena Fourment sentada com seu filho” de Rubens; o Catalogo della R. Pinacoteca di Brera que Calouste GulbenKian visitou em 1929 e que contém curiosas notas manuscritas relativas a algumas das obras expostas de pintores como Tintoretto, Andrea Mantegna ou Piero della Francesca. Ou ainda o catálogo Vedute ed opere d’arte do Museu de São Marcos, em Florença, onde Calouste Gulbenkian registou a admiração que sentiu ao contemplar a “Anunciação” que Fra Angelico pintou nas paredes de uma das antigas celas dos monges: “Superbe”, escreveu ao lado da reprodução da pintura.
Este núcleo inclui ainda diversos catálogos dos principais museus britânicos, como o Descriptive and historical catalogue of the pictures in the National Gallery: with biographical notices of the painters, editado em 1901, igualmente com numerosas anotações, e o catálogo da National Gallery of Scotland onde, uma vez mais, encontramos anotações manuscritas relativas a alguns dos pintores que Calouste Gulbenkian mais apreciava. De entre os catálogos de museus franceses, podem referir-se os da colecção de arte islâmica do Museu do Louvre, e de museus holandeses, o catálogo contendo Les chefs-d’oeuvre du Musée Royal d’Amsterdam, uma edição “de lux en photogravures”, editada em 1893. Existem ainda catálogos de museus russos, como o Museu do Hermitage – de cujas colecções Calouste Gulbenkian adquiriu algumas peças – nomeadamente, a 3ª edição de 1891 do Catalogue de la Galerie des tableaux e Les chefs-d’oeuvre de la Galerie des tableaux de l’Ermitage à Petrograd, de 1923.